CENTRO PAULA SOUZA,
ETEC DONA ESCOLASTICA ROSA, CURSO TÉCNICO EM NUTRIÇÃO E DIETÉTICA.
RASTEIRO, Anne
Kelly de Souza Gomes [1]; MORENO, Carolina Aparecida Emmerich [1]; LIMA,
Juliana Araújo; JUSTO, Lucélia Salvador [1]; DIAS, Katia A de Castro [2]; ALTENBURG, Helena
[3].
[1] Concluintes do Curso Técnico em Nutrição e
Dietética; [2] Nutricionista, Pós graduada e Professora do Centro Paula Souza.
[3]Nutricionista, Mestre e Professora do Centro Paula Souza.
RESUMO:
OBJETIVO: Diagnosticar o perfil alimentar, nutricional e
antropométrico de jovens portadores de Síndrome de Down, de acordo com o
cotidiano de cada um. MATERIAIS E MÉTODO:
A pesquisa foi aplicada na Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais de Santos (APAE) com os jovens do Núcleo trabalho, Emprego e
Renda (NUTRE) e no Centro Espírita Beneficente 30 de julho (CEB 30 de Julho).
Para a avaliação antropométrica do peso, altura, Índice de Massa Corporal
(IMC), Circunferência da Cintura (CC), compleição corporal, semi envergadura
(SE) foram utilizados os procedimentos padronizado publicados no Manual do
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) Brasília 2004. Para
investigação do consumo alimentar foi utilizado um Questionário de frequência
de Consumo de Alimentos (QFCA) baseado na composição das refeições. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram avaliados
13 indivíduos, sendo 77%(n=10) do sexo masculino e 23%(n=3) do sexo feminino,
com faixa etária média de 22 anos. Os dados da avaliação antropométrica
sugerem: a altura média aferida foi de 1,51m e a estimada pela SE foi de 1,60m
com diferença de 9cm entre elas. O peso médio aferido foi de 65,92Kg e o IMC
médio aferido de 29,06Kg/m² e IMC médio estimado pela SE de 28,32Kg/m². Para CC
a média masculina foi de 91,6cm e para as mulheres de 91,5cm. A Compleição
corporal foi avaliada como média. Quanto ao consumo alimentar, os dados obtidos
sugerem que os entrevistados consomem 7 porções de Frutas e Hortaliças quando o
recomendado são 3 a 5 porções, 5 porções de Carnes e ovos e o recomendado é 1 a
2 porções, porém consomem 3 porções de Açúcares e gorduras quando o recomendado
é 1 porção. CONCLUSÃO: Os dados
gerados pelos indivíduos objeto deste estudo sugerem que eles têm conhecimento
dos alimentos que consomem e um grande impulso em consumir alimentos mais
calóricos. A maioria dos pais e, da mesma forma as instituições que os recebem,
mantém uma preocupação em cuidar de sua alimentação para que haja um equilibrio
na saúde desses indivíduos
Palavras-chave:
Síndrome de Down, avaliação antropométrica, hábitos alimentares.
INTRODUÇÃO: A Síndrome de Down (SD) é um distúrbio ou
condição genética caracterizada por um cromossomo extra no par 21 chamada
de trissomia do cromossomo 21. Pode afetar qualquer raça, sexo ou
etnia, e acomete aproximadamente 18% da população. Ocorre erro na distribuição dos cromossomos onde ao invés de
ocorrer 46 cromossomos em cada célula, 23 da mãe e 23 do pai, que irão formar
23 pares com 46 cromossomos, o indivíduo apresenta 47 cromossomos. No
Brasil a incidência é de 1 para cada 600 nascidos vivos, com 45% dos indivíduos
afetados nascidos de mulheres com mais de 35 anos (BASIL et al 1992).
Varias
anomalias maiores estão comumente associadas à SD: doença cardíaca congênita,
particularmente comunicação atrioventricular e defeitos no septo ventricular;
anomalia gastrointestinal, mais frequente atresia de duodeno; distúrbios
tireoidiano sendo particularmente o tipo autoimune; leucemia aguda e neonatal; alteração no metabolismo do ácido fólico com predisposição à deficiência
do nutriente; anormalidades
quantitativas em vários sistemas enzimáticos; e a anomalia maior e mais
consistente o retardamento mental variável, com quocientes de inteligência (QI)
variando de 20 a 80, estando significativamente relacionado com o ambiente no
qual uma criança com SD é criada. (BASIL et al, 1992)
Segundo
Mendonça et al, (2008) os portadores de SD possuem o crescimento e
desenvolvimento inferior ao das crianças sem esta síndrome, e tendem a nascer
pré maturas, com peso e comprimento inferior aos normais. Geralmente, esses
indivíduos continuam a ser pequenos na vida futura.
LOPES, et al, (2008) cita que os portadores
de SD também apresentam predisposição ao excesso de peso, importantes
alterações no sistema imunológico, que implicam em suscetibilidade a doenças
autoimunes e infecções, características metabólicas individualizadas, que os
tornam vulneráveis a doenças relacionadas principalmente ao seu estado
nutricional. O excesso de peso deve-se a inúmeros
fatores, entre eles o principal são os hábitos alimentares inadequados, que
estão associados à falta de atividades físicas, taxa metabólica basal baixa,
disfunção na glândula tireoide, compulsão alimentar, dificuldade na mastigação
e deglutição, hipotonia muscular, incluindo a musculatura envolvida na
digestão. Por serem flácidos, os músculos não dão a sensação de saciedade após
uma refeição e assim os portadores desta síndrome tendem a comer sem saber
quando parar. As crianças com SD tendem a apresentar obstipação intestinal e
defeitos intestinais, e o excesso de peso contribui para o agravamento de
problemas cardíacos, além de dificultar o desenvolvimento motor, ou seja, uma
patologia pode ser consequência da outra.
Segundo
Mendonça e Pereira (2008), em países desenvolvidos a expectativa de vida dos
portadores de Síndrome de Down pode chegar ao 56 anos, e no Brasil, apesar de
não existir estudos concretos, acredita-se que seja em torno dos 50 anos. A
expectativa de vida desses indivíduos vem aumentando, graças aos avanços nas
melhorias dos atendimentos e da qualidade de vida. Santos (2011) cita trabalhos
onde são apontadas as necessidades da avaliação e intervenção nutricional para
que os portadores desta síndrome possam ter uma melhoria na qualidade de vida,
no crescimento e desenvolvimento, prevenção de doenças e uma longevidade
tranquila.
MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa foi aplicada na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Santos (APAE) com os
jovens do Núcleo trabalho, Emprego e Renda (NUTRE) e no Centro Espírita
Beneficiente 30 de julho (CEB 30 de Julho. Inicialmente foi lido um termo de
consentimento livre e esclarecido aos candidatos, um item ético importante em
pesquisas com seres humanos. Para anotação dos índices antropométricos e coleta
dos dados sobre os hábitos alimentares e dificuldades de inserção de refeições
saudáveis, foi elaborado um formulário com os índices e questionário com nove
questões abertas, a fim de levantar sua rotina alimentar junto aos responsáveis
e ouvir dos jovens em questão seus desejos, vontades e conhecimentos com
relação a alimentação saudável.
Para a
avaliação antropométrica dos participantes, foram utilizados os procedimentos
padronizado publicados no Manual do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional (SISVAN) Antropometria: como pesar e medir. Ministério da Saúde
(MS), Brasília DF 2004. Foi avaliado o peso, a altura, o Índice de Massa
Corporal (IMC), Circunferência da Cintura (CC), compleição corporal, semi
envergadura (SE). Para investigação do consumo alimentar foi utilizado um
Questionário de frequência de Consumo de Alimentos (QFCA) baseado na composição
das refeições. Os alimentos foram agrupados, por refeição e o consumo comparado
com as recomendações do Guia Alimentar Brasileiro 1999, por meio das porções
ideais recomendadas na Pirâmide Alimentar Brasileira 2005.
Os dados foram
tabulados e expressos em planilhas por meio do Microsoft Excel®.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO: A coleta de dados ocorreu no dia 30 de Julho 2012. Foram avaliados 13
indivíduos, sendo 77%(n=10) do sexo masculino e 23%(n=3) do sexo feminino, com
faixa etária entre 18 e 27 anos e média de 22 anos. Foram excluídos da amostra
3 indivíduos por serem menores de 18 anos, isto é adolescentes, e a curva de
crescimento ainda não está completa. Também outro deles apresentava uma
patologia congênita de quadril impossibilitando a participação por dificuldade
de comparação com os demais participantes. Os dados da avaliação antropométrica
sugerem que a altura média aferida foi de 1,51m e a estimada pela SE foi de
1,60m com diferença de 9cm entre elas, demonstrando assim que os portadores de
SD não tem um crescimento igual ao indivíduo sem a síndrome, resultando uma
estatura baixa o que confirma a citação de Santos et al (2006). O peso médio aferido foi de 65,92Kg e o IMC
médio aferido de 29,06Kg/m² e IMC médio estimado pela SE de 28,32Kg/m², o que
confirma a citação de Mello et al (2006) em Movimento Down (2012), de que nos
portadores de SD são observadas prevalências de excesso de peso e obesidade
superiores às verificadas em populações saudáveis sendo a obesidade em pessoas com SD frequente. Para
CC a média masculina foi de 91,6cm e para as mulheres de 91,5cm. A Compleição
corporal geral foi avaliada como média. Quanto ao consumo alimentar, os dados
obtidos sugerem que os entrevistados consomem 7 porções de Frutas e Hortaliças
quando o recomendado são 3 a 5 porções, 5 porções de Carnes e Ovos e o
recomendado é 1 a 2 porções, porém consomem 3 porções de Açúcares e Gorduras quando
o recomendado é 1 porção, o que indica uma
alimentação para esses indivíduos um pouco acima do recomendado pelos Guias
Alimentares em Frutas e Hortaliças como um bom indicador, porém apresenta-se
elevado o consumo de Carnes e ovos e, coincidindo com resultados obtidos por
outros pesquisadores, ale de o consumo de Açúcares e Gorduras estar bem
elevado. A maioria dos participantes apresentou uma alimentação variada,
contendo cereais, leguminosas, verduras, legumes, frutas, carnes, leites e
derivados. Todos apresentaram preferência a alimentos calóricos como doces,
bolachas recheadas, pizza, refrigerante, sorvete, batata frita, entre outros
por se tratar de pessoas com impulso descontrolado.
CONCLUSÃO: Os dados gerados pelos indivíduos objeto deste estudo
sugerem que eles têm conhecimento dos alimentos que consomem e um grande
impulso em consumir alimentos mais calóricos. A maioria dos pais e, da mesma
forma as instituições que os recebem, mantém uma preocupação em cuidar de sua
alimentação, haja vista sua tendência à obesidade e problemas de saúde
decorrentes da síndrome, tais como doenças cardiovasculares, diabetes, entre
outras.
Devido a esta
tendência a compulsão, pais e cuidadores devem exercer muito controle para que
eles não exagerem na hora de se alimentarem, porém a escola e as instituições
conseguem um melhor controle do que os próprios pais, limitando-os a não
repetir alimentos e serem menos compulsivos, fazendo com que consumam alimentos
mais saudáveis e em espaços mais curtos de tempo.
Os resultados comprovam a citação de inúmeros
pesquisadores de que esses indivíduos tem maior propensão a obesidade, porém,
devido a complexidade do assunto e falta de dados disponíveis, o tema necessita
de mais estudos para que possam gerar padrões para referência.
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em 08 de junho de 2012.